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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

INHEAVEN em ascensão [Entrevista para a Interview Magazine]


Entrevista completa e traduzida da banda britânica INHEAVEN para a Interview Magazine.

Publicado a: 26 de Abril de 2017
Entrevista feita por: Matt Mullen
Fotografias por: Laura Maccabee
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Há muitas maneiras de se tornar uma banda, como os Inheaven provaram há três anos. Naquela altura, os membros fundadores Chloe Little e James Taylor, que conheceram-se num concerto [eles tocavam noutras bandas], começaram a fazer pequenos videoclipes e a publicar eles online por diversão. Logo, blogs em todo o mundo começaram a descobri-los e, eventualmente, Julian Casablancas, líder dos The Strokes, notou-os - a sua gravadora Cult Records produziu o primeiro single, "Regeneration". Foi uma espécie de regeneração criativa para Little e Taylor, que de repente perceberam - com Jake Lucas nas guitarras e Joe Lazarus na bateria - que eles eram uma banda de verdade, ainda que seja muito informada por uma sensibilidade DIY [sigla da expressão em inglês 'Do It Yourself'- Faz por ti mesmo]. Little ainda supervisiona todos os vídeos musicais, bem como a capa do álbum e os zines [uma espécie de panfletos] lançados dos concertos.

Quanto à sua música, é shoegaze e punk rock britânico com influências americanas dos anos 90: Sonic Youth, Nirvana e Hole, para citar alguns. Little e Taylor, ambos possuem vozes genuinamente poderosas para as faixas já empolgadas. Depois de várias turnês europeias e vários EPs, Inheaven está-se preparar para lançar um álbum completo neste verão. Hoje, estreia o novo single e vídeo, "Vultures", abaixo.


Entrevista recente através do Skype com Taylor e Little para discutir o inicio auspicioso e as visões ainda mais ambiciosas para o futuro.

MATT  MULLEN: Podem contar-me um pouco sobre a história de origem da banda? Tudo começou com um vídeo, certo?

JAMES TAYLOR: Sim. Eu e Chloe criamos esses videoclipes, e nós tínhamos um site anônimo onde publicávamos vídeos todas as semanas - não havia um contexto nem nada. Então, os blogs descobriram-nos. Nós estávamos no Neon Gold, Noisey e Enemy. Isso levou-nos a lançar um single com a Cult Records. E então, começou a partir daí.

CHLOE LITTLE: No inicio, o plano era apenas ter essa alta produção de vídeos, [que são] uma parte super criativa do nosso trabalho, e progrediu a partir daí. Nós tivemos uma reação muito boa, muito rapidamente. Então nós pensamos sobre isso e decidimos que deveríamos levar algum tempo e desenvolver um bom concerto ao vivo e fazer de nós uma banda adequada, invés de ser apenas um projeto online.

MULLEN: Ao crescer, quais foram algumas das bandas que vocês estavam mais focados?

TAYLOR: As minhas bandas favoritas eram The Clash, The Strokes e The Cure.

LITTLE: Smashing Pumpkins. Sonic Youth. Eu amava Rancid quando era criança. Bandas punk, esse tipo de coisas.

MULLEN: Quanta influência essas bandas tiveram para a vossa própria música?

LITTLE: É difícil não se inspirar, não é? Eu acho que muito disso entra na nossa música inconscientemente. Algumas das bandas estão enraizadas na tua mente desde cedo, e acabam por moldar a maneira como tu vives. Nós sempre quisemos ser essa banda para as pessoas que nos ouvem agora.

MULLEN: Esse é realmente um conceito poderoso - moldar a mente de alguém. Como uma banda pode fazer isso?

TAYLOR: Obviamente, a música - uma música - é o que te apaixona primeiro, mas depois eu acho que os ideais de uma banda e o senso de moda de uma banda e a maneira de tratar as pessoas é o que te apaixona depois.

LITTLE: O mundo que tu crias a volta da tua música parece super importante. As bandas que eu amava ao crescer, era tudo. Sim, a música é a mais importante, mas tudo a sua volta também.

TAYLOR: Quando ouvia The Clash, percebi que muitas das suas músicas foram influenciadas pelos Stones e os Beatles, todas essas bandas clássicas de rock britânico. Então voltei atrás e ouvi essas bandas - é como um ciclo de descoberta, quando tu apaixonaste pela primeira vez por uma banda.

MULLEN: Se vocês tivessem que descrever o mundo que estão a tentar construir a volta dos Inheaven, como seria?

TAYLOR: Acho que gostaríamos de ensinar as pessoas a serem boas com os seus companheiros seres humanos e tratar bem as pessoas.

LITTLE: E também ser super artístico e criativo. Essas coisas são realmente poderosas e elas devem sentir-se poderosas novamente na media convencional, em vez de apenas ser consideradas entretenimento.

TAYLOR: Eu acho que a boa música faz-te sentir livre, e se as pessoas se sentirem livres quando vierem a um concerto ou ouvirem a nossa música, isso significaria o mundo para mim.

MULLEN: Quando penso sobre vocês, penso numa sensibilidade DIY [fazem por eles próprios], que obviamente é uma grande parte do punk - essas coisas andaram sempre de mãos dadas. Mas parece especialmente importante para vocês. Fazem os vossos próprios zines [espécie de panfletos] e vídeos; há todo esse elemento criativo e colaborativo em jogo.

LITTLE: Os zines surgiram porque queríamos que alguém recebesse algo gratuito, sempre que alguém aparecia no nosso concerto. Tu não precisas de comprar uma camisola. E os zines são basicamente um mural para cada fase em que estejamos. Sempre que lançamos uma nova música, o zine - o esquema de cores, o imaginário e tudo o que há nele - é baseado na música e no que inspirou a música. É a nossa identidade.

TAYLOR: Eu sinto que se tu deixares alguém criar a tua visão, então isso não é verdadeiro para a tua banda. Ninguém pode fazer o melhor como tu queres, ou tão bom quanto tu próprio podes fazer.

LITTLE: Definitivamente, nós não somos especialistas em projetar obras de arte ou fazer vídeos. Nós apenas ensinamos a nós próprios a fazer isso.

MULLEN: Chloe, tu estudas-te cinema, certo?

LITTLE: Eu fiz na universidade, mas não foi um curso prático, foi como um curso de história. E para ser honesta, a única razão pela qual fiz esse curso foi para poder morar em Londres e estar numa banda. No entanto, definitivamente voltei, especialmente quando começamos isto e James disse: "Ah, tu tens um olho para estas coisas." E eu disse: "Tu sabes, eu acho que sei um pouco sobre filmes." Eu amo isso agora.

MULLEN: Que tipo de diretores ou outra inspiração visual que vocês estão a retirar ou pensar quando estão fazer vídeos?

LITTLE: Eu acho que cada vídeo tem sido um pouco diferente, mas é claro que o nome da banda vem do filme Eraserhead de David Lynch, então sempre houve essa influência. Mas gosto de tudo, desde Spielberg a Sofia Coppola.

TAYLOR: Com "Vultures", percebemos que as crianças não vêm mais de 30 segundos de nada nos dias de hoje, então, na verdade, existe o mesmo clip repetido a cada 30 segundos. E depois há uma performance minha e da Chloe a cantar com a banda, e queríamos que fosse como a nossa própria propaganda no fim do mundo.

MULLEN: Este vídeo parece muito mais político do que os vossos outros [vídeos]. Há dinheiro em chamas, fotos de presidentes, bandeiras…

LITTLE: Reagan [politico] está lá em algum sitio.

MULLEN: Porque é que vocês escolheram ir nessa direção?

LITTLE: Estávamos a pensar sobre como nós conseguimos consumir tudo - [atraves de] notícias, política, especialmente no teu telemóvel - meio pelo qual faz-te sentir doente, não é?

TAYLOR: Há muito mais informações à mão e, às vezes, há sobrecarga de informação e nós tornamo-nos insensíveis a isso, então as coisas começam a significar menos. Quer dizer que tu estás sentir-te doente quando vês o vídeo.

MULLEN: De uma maneira boa?

LITTLE: [risos] De uma maneira artística.

MULLEN: Em termos de música, como é colaborativo isso? De onde vem isso tudo?

TAYLOR: Eu sou o principal compositor da música, e depois com a Chloe, nós tentamos e estruturamos alguns aspectos visuais logo no início para que, no final do dia, tenhamos a arte final para o vídeo e toda a música juntos. E então, uma vez que nós apresentamos para o Jake e o Joe e levamos para o nosso cenário ao vivo, a música fica ainda melhor, ou muda. Torna-se mais sobre a banda como oposição ao individualismo.

LITTLE: Isso é o que parece mais natural para nós.

MULLEN: Como vocês se conheceram?

LITTLE: Nós conhecemo-nos num concerto!

TAYLOR: No Lexington, em Londres.

LITTLE: Não é um grande local. Não é muito fixe. Nós os dois estávamos a tocar em diferentes bandas no mesmo cartaz.

TAYLOR: Nós percebemos que gostávamos da mesma música e dos mesmos filmes. E nós não gostávamos do que estávamos a fazer naquela altura, então decidimos fazer uma mudança e fazer algo com as nossas vidas. Foi Chloe quem me incentivou a cantar. Eu estava apenas a tocar guitarra, timidamente, no canto.

LITTLE: Bem, leva um tempo, não é? Tu queres ser criativo e sentes que tens todas essas coisas para dizer, mas, na verdade, podes canalizá-las para um único projeto em que tu sentes como "Sim, é isso que quero fazer". Estou feliz com tudo até agora. Eu acho que todos nós estamos.

MULLEN: A internet tem sido importante para o vosso desenvolvimento. Quão imersos na cultura da internet vocês se consideram?

LITTLE: Nós temos uma relação de amor e ódio com a internet, acho eu.

TAYLOR: Nós não existiríamos sem a internet. Mas tu também olhas para as bandas do passado e elas provavelmente significavam mais para as pessoas, porque havia um certo mistério por trás delas - acho que isso está perdido no mundo da música de hoje. Embora algo que eu amo nas redes sociais seja como tu podes expandir a tua ideia. Podes fazer uma extensão da tua arte em vez de apenas usá-la para promoção. Nós tentamos fazer disso uma extensão do nosso mundo.

LITTLE: Por outro lado, voltando ao vídeo “Vultures”. É como, tudo na internet é tão instantâneo e descartável. Se uma música tem apenas um dia, é como "Oh, eu ouvi isso". Acho isso muito triste, quando as pessoas passam muito tempo a trabalhar em alguma coisa e está na internet e depois desaparece.

TAYLOR: Talvez o nosso maior objetivo seja trazer uma ideia do antigo mistério do rock 'n' roll para a nova era do mundo instantâneo e rápido de hoje.

MULLEN: O que vem a seguir?

TAYLOR: O nosso álbum completo vai sair este ano. E adoraríamos tocar na América.

Fotos: Clica aqui
Publicação original: Inheaven on the Rise

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