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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Numb: A conversar com Meg Myers [Entrevista para a C-Heads Magazine]


Entrevista traduzida da cantora americana Meg Myers para a C-Heads Magazine.

Publicado a: 26 de Agosto de 2018
Entrevista feita por: Andy Gorel
Fotografias por: Andy Gorel
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Meg Myers é o verdadeiro negócio. Depois de uma estreia bem-sucedida com o seu primeiro single, "Sorry", a cantora de rock alternativo foi para estúdio com o produtor Leggy Langdon para fazer o que seria o seu mais recente, Take Me To The Disco. O seu álbum estava quase pronto mas a pressão estava na [editora] Atlantic para produzir um 'hit' para a rádio. Provando ser uma difícil tarefa, Myers arrasou e surgiu com um grunge-rock stomper, o seu mais recente single "Numb". Mas as coisas ainda não estavam bem entre ela e a editora, então ambas as partes seguiram, cordialmente, separadas. Ela então viu-se musicalmente sem-teto, com um novo conjunto brilhante de gravações. Foi então que a gravadora 300 Entertainment, sediada em Nova York, entrou em cena, oferecerendo um acordo, e Myers ficou fora da disputa. Servindo como o principal [single] da sua nova era, o hino anti-indústria "Numb" está nas tabelas alternativas há 12 semanas, e continua a subir - e se isto não é rock'n'roll, nada é.


Andy: Tu és originalmente de Nashville, tu tens alguma raiz musical lá?

Meg: O meu pai tocava guitarra e minha mãe tocava guitarra e cantava. Eu observava sempre eles. O meu primeiro concerto lá foi do James Taylor. Eu não comecei a tocar até mudar-me para Ohio ou para o sul da Flórida, por volta dos 12-13 [anos].

Tu achas que andar a volta nessas poucas vezes tornou-se mais fácil ir para LA para seguir a música?

Sim, eu acho que sim, porque eu nunca soube realmente o que era uma casa de tanto mudar-me.

Como foram as coisas quando tu chegas-te aqui? Jovem e sozinha em Los Angeles apenas a tentar fazer com que isso funciona-se?

Bem, eu saí com um namorado quando eu tinha 19 anos, e isso não durou tanto tempo. Então, eu estava sozinha, mas estava a fazer amigos e a trabalhar. Eu consegui um emprego como barista, e com isso eu trabalhava em restaurantes. Eu estava a trabalhar em restaurantes há cerca de doze anos ou algo assim. Eu não seria capaz de fazer isso agora, mas eu estava apenas louca e animada por estar fora de casa perseguindo o que eu queria perseguir. Isso tudo apenas veio junto com o tempo. Houve alguns momentos difíceis, tempos solitários, mas eu encontrei grupos de pessoas que levaram-me a mais grupos de pessoas e deu certo. Financeiramente falando era realmente difícil. Eu fiz algum 'couch-surfing'. Eu não sei como paguei o aluguer [da casa]. Eu acho que ainda devo ao meu padrasto uns vinte mil dólares. Eu finalmente liguei para ele porque não podia pagar mais, e fiquei tipo "Por faaavor. Eu sei que tu já não estás mais com a minha mãe, mas..." [risos].

Em que bairro tu estavas quando chegas-te aqui pela primeira vez?

Koreatown. Foi muito mais difícil então. Isso foi há mais de dez anos. Eu estava lá apenas por três meses, depois mudei para West Hollywood por alguns meses. Então, mudei-me para Silver Lake. Eu morei lá por quatro anos, e fiquei tipo "Eu estou tão fod*d*mente acabada com isto". Eu sou uma pessoa do campo. Eu gosto de espaços abertos. A minha melhor amiga morava fora daqui também, e ela tinha-se mudado fora da cidade. Ela encontrou-me um lugar perto daqui e então eu saí da cidade. Depois disso, eu pensei "Eu acho que vou voltar para Nashville". Então voltei para Nashville por um tempo e agora voltei para cá há alguns meses.

Então, depois da primeira vez que chegas-te a Los Angeles, tu conheces-te Andy Rosen, que iria produzir os teus primeiros EPs. Como é que vocês se conheceram?

Bem, a minha melhor amiga Rachel e eu começamos uma banda chamada Dance Lion. Andy ouviu algumas das minhas cenas em versão acústica online no MySpace.

Oh meu.

Sim. Eu estou velha! Ele estendeu a mão para mim e saí para um concerto. Foi o nosso primeiro concerto que nós tocamos... E acabou por ser o nosso último concerto [risos]. E o que é engraçado sobre isto é que é dito "O nosso primeiro e último concerto".

Oh, tu sabias!

Bem, não, nós estávamos a brincar a volta disso. Mas então ele veio ao concerto e foi como "Eu quero assinar contigo um contrato de produção e trabalhar contigo. Como tu e eu falamos antes, eu não sou muito bom em saltar a volta. Eu adoraria um projeto paralelo um dia, mas isso se tornará o meu projeto, porque quando eu concentrar-me, isso será o meu principal objectivo."

Houve ai alguma música para vocês realmente se unirem, fora o teu material antigo?

Nós tivemos horizontes realmente opostos. Eu vim através de muito rock, e rock clássico. E música clássica. Ele veio do pop, hip-hop, coisas dos anos 80. Mas eu acho que nós os dois fomos inspirados por muitas coisas dos anos 80. Eu não sei. Nós éramos apenas meio opostos e foi isso que nos fez juntar.

Como é que a Atlantic entrou em cena? Havia muitos intervenientes ou outras editoras envolvidas?

Havia muitas pessoas. Qual é a palavra? Tem a ver com namoro. Começa com um "C".

Cortejando?

Sim isso. Foi assim. Houve vários interesses, mas nós acabamos por ir com eles. Nós realmente gostávamos das pessoas de lá. Eu estava apenas a ir por causa disso.

Quem foi o teu A&R?

Esse homem, Steve Robertson. Ele é incrível. Eu amo esse homem. Esse foi o motivo pelo qual eu assinei com eles. Eu estava tipo "Eu quero trabalhar com este homem". Ele assinou atualmente com os Paramore.

Isso é fixe. Eu vi-os ontem a noite. É por isso que a minha voz está rouca hoje [risos]. Tu estives-te lá?

Não, eu não estive lá, mas vi um vídeo. Um dos meus colegas de banda publicou algo. Foi f*da, muito bom. Tão fixe. Ele estava a dizer que é fixe como as bandas se reinventam a elas mesmas. O que é incrível. Eu sinto que não é isso que devemos fazer, mas…

Eu quero dizer que eles foram da Warped Tour para uma arena. Paramore fez isso, e a Katy Perry fez isso. Eu não pude nomear mais ninguém mais fora da minha cabeça, quem mais fez isso. Tu poderias dizer Bring Me The Horizon, se quiseres, mas isso foi apenas no Reino Unido. O que é diferente, porque as pessoas adoram rock por lá. Paramore cresceu.

E eles estão fazendo isso de uma forma fixe.

Sim, não é vulgar. Não parece forçado.

Sim, é fixe. Eu realmente amo-os.

Quando tu começaste pela primeira vez a lançar músicas, tu tiveste que assinar com alguém importante, tu tinhas um contrato de produção, como é que foi a tua visão [acerca disso]? Foi sempre tão simples como "eu apenas vou fazer isto por mim?". Isso baralhou a tua cabeça?

Sim, acho que mexeu com a minha cabeça um pouco. Eu sempre tive essa base de conhecimento do que eu quero fazer, e isso esteve sempre lá. Mas há muito caos a volta da indústria, e as pessoas estavam confusas sobre o que eu era. "Ela é rock? Ela é pop? Esta caixa, aquela caixa, essa caixa..". E eu fiquei tipo "Eu não quero ser colocada numa caixa! Eu só quero fazer por mim! E o que quer que seja, é o que é." Mas isso é uma coisa difícil, e eu acho que ainda há certas dúvidas sobre o que eu sou, porque isso é a minha própria cena. Eu não sei [risos].

Quero dizer que isso é bom. Isso é o que é que suposto ser. Há todo um tipo de coisas que passam pela a tua cabeça quando sentas-te com uma guitarra para uma certa canção, mas é como... Faz apenas isso. Faz apenas o que vier de ti.

Apenas toque! Sim, exatamente. Houve muitos momentos assim para mim. Ou, às vezes, mesmo no estúdio, quando eles perguntavam algo, eu ficava tipo: "Eu realmente não me sinto com vontade de fazer isso agora. Eu já fiz isso e correu tudo bem. Então agora eu quero fazer outra coisa!". Eu acho que é bom desafiar-te a ti mesmo até um certo ponto, mas não forçar-te a ser algo, senão tu acabas por perder a tua alma nisso.

Então, "Sorry" foi um lançamento alternativo da grande editora, mas definitivamente não soou como a onda alternativa na qual tu estavas. O que foi inspirador nesse álbum?

Bem, eu nunca ouvi o que é atual. Isso é algo com que eu sempre lutei. Existem coisas, mas as coisas que ouço são também subterrâneas ou não são enormes. Eu acho que estava a lutar um pouco, encontrando as coisas. Eu estava a ouvir muito Nine Inch Nails, e voltei para algumas coisas que eu não conhecia, há algum tempo, como The Cure, música clássica - não muito clássica, coisas dos últimos 30 anos, e bandas sonoras. Muita coisa instrumental.

Uma parte disso eu acho que tem a ver com o estar muito na estrada e estar perto de muito rock. Eu só precisava de coisas sem letras - calmo, bom para a minha alma. Eu estava a ouvir muito Tori Amos, na verdade. O meu produtor pôs-me realmente a ouvi-la. E eu acho que estava a ouvir Sinead O'Connor e coisas assim porque as pessoas disseram-me que eu relembrava elas, muitas das primeiras artistas femininas, e Alanis Morissette. Eu estava aberta para mim mesma a ouvi-la porque eu nunca tive conhecimento disso antes. E então eu ouvi e foi do tipo, "Ok... p*rra, sim.".

É engraçado tu dizeres isso, eu acabei de ficar super focado no Jagged Little Pill [álbum] este ano. Acabei de ver Alanis em Junho. Eu ouvi isso no caminho para aqui de facto.

Eu abri [concerto] para ela!

Não, tu não fizeste isso.

Sim, eu fiz! Foi uma espécie de versão acústica há alguns meses atrás.

As crianças de hoje em dia não percebem, ela era tipo uma rapariga fantastica do rock original. Claro que havia várias antes dela, mas ela não tinha medo em dizer o que ela queria para a sua música.

Sim. Totalmente. Mesmo no palco, o jeito que ela se movia a volta. Tudo. Eu acho que Sinead O'Connor era assim também. Era como "Oh meu deus, ela é tão incrível." O álbum The Lion and The Cobra - há algumas músicas no álbum que fazem-te pensar "Eu simplesmente não consigo acreditar que uma mulher está a cantar assim".

Nós continuamos desligados do assunto, mas voltando ao álbum de estreia, "Sorry". Foi fortemente desejado pelo A&R? É o álbum que saiu totalmente o que tu querias lançar?

Sim, naquela época da minha vida eu sentia-me muito bem com isso e estava tão animada. Mas isso é algo que eu sempre faço. Não importa o quanto é bom ou o quanto eu sinto que fiz o que eu queria fazer, há sempre outras coisas que sinto em mim que é como "eu não fiz isso ainda!". Mesmo nesse álbum, eu sinto-me muito animada e conectada a esse álbum. Eu fico enlouquecida sobre o quanto isso é precioso para mim, e como estou animada para partilhar isso com as pessoas. Mas também ainda sinto que eu quero fazer outras coisas.

Isso é apenas humano. Não importa o quanto grande seja o feito que tu alcanças, tu estás sempre a procura do próximo.

Sim, ou de um caminho diferente.


Totalmente. Então o álbum foi meio ousado. Bem, tu dirias que ele foi meio ousado?

"Sorry?"

Sim.

Eu acho que sim. Eu diria ousado. Sim. Devido ao que estava a acontecer no momento.

Tu realmente disseste que estás contente pelo Take Me To The Disco sair amanhã. Qual foi o teu pensamento antes de "Sorry?"?

Bem, eu estava num lugar realmente bizarro porque eu andava a viajar muito em turnê antes de lançá-lo. Eu estava a ter um momento muito duro na estrada. Foi difícil. Eu não dormia muito. Eu ficava tipo "Apenas tenho que colocar essa porcaria para fora” [risos], tipo "Vamos lá, temos que conseguir tirar essa porcaria para fora." Havia muita excitação acumulada, e por estar na estrada há tanto tempo, eu estava passar por tanta coisa naquele ano que foi apenas um alívio para mim.

Mas é claro que também houve excitação. "Desire" [a canção] foi feita tão bem. Ela apenas foi lançada e largada. Não sendo negativa [risos]. Eu estava contente! Mas também, tu estás a viver a vida. Ser músico de turnê nem sempre é fácil. Se eu não durmo, tu não me queiras ver. Tu não queiras sentir a ira.

Foi recebido como tu pensaste que seria? Melhor? Pior?

Eu não acho que eu tenha uma expectativa. Eu não acho que eu faça sempre isso. Eu penso que foi exatamente o que foi. Eu acho que senti que foi o melhor para mim do que eu ter pensado o que seria, mas é quase como se tu não tivesses tempo para pensar sobre essas coisas. Eu penso que isso é o que estava acontecer comigo. Eu nem sabia o que esperar. Eu sabia que tinha criado algo que eu tinha colocado muito coração nele. Muito do maldito sangue, suor e lágrimas, e foi, "Bam" - foi o que foi.

Isso é bom então. Significa que tu estás apenas a lançar e a viver com isso. Muitas pessoas só conseguem ser impulsionadas através de um modelo [ou padrão]. Apenas faz a música e, se for boa, ela encontrará o caminho.

Sim! Eu acho que é bom ter metas. Mas, por algum motivo, a minha ideia de sucesso... não sei se tenho uma. Está a ser apenas cumprida - fazendo o que eu amo para ganhar a vida e aproveitando isso. Grande, pequeno, incrível, é o que quer que seja apenas.

Foi um sucesso para ti?

Sim! Isso foi! Foi exatamente o que precisava de ser para mim. Para ser honesta, estou feliz que não tenha sido tão grande como foi porque eu estava a passar por tantas coisas que precisei ter algum tempo livre para realmente me ir e aprender algumas coisas, e lidar com algumas coisas sobre mim própria. Eu não teria sido capaz de fazer isso se eu fosse apenas famosa ou algo assim. Foi como "Ok, é isto!", e eu precisei de me afastar um pouco e aprender mais sobre mim própria porque há muito para aprender.

Externamente, olhando pelo consumidor final, acho que foi um sucesso. Fico feliz por te sentires assim também.

Sim, obrigada! E eu também acho que fiz o que artistas dos álbuns que eu amo fizeram. Eu estou feliz que tenha acabado assim de um maneira mais indie. Não foi esse enorme sucesso comercial. Foi muito underground, e eu acho que é nisso que estou focada. Fico feliz que tenha sido meio inofensivo.

Existe algumas [canções] favoritas para ti ainda naquela época?

"Make A Shadow" está sempre perto do meu coração, e eu acho que "Feather" é aquela que eu realmente amei tocar ao vivo. Essa foi a última música do álbum. E, claro, há "The Morning After", que é uma música acústica sobre algo que aconteceu comigo há muito tempo e que foi muito pessoal. É claro que eu amo "Desire" e "Sorry" e outras, mas acho que cansei-me um pouco disso. Mas eu amo tocar "Desire" ao vivo, apenas curto. É realmente divertido. Eu toco baixo nessa.

Tens algum motivo para tocar baixo ao vivo?

Bem, foi meu primeiro instrumento. O meu irmão deu-me, ele queria que eu estivesse na sua banda quando eu tinha 13 anos. A banda chamava-se Feeling Numb.

Tu tens em mente que tu és a vocalista principal quando estás a escrever as linhas do baixo?

Não, e o que aconteceu neste novo álbum é que eu não toquei muito em vários instrumentos porque havia tantos bons músicos a volta que eu ficava tipo "vou deixar eles fazerem isto. Eles são tão fantásticos.". Felizmente eu tive isso a minha volta, mas algumas das músicas são tão difíceis no baixo. Uma delas chama-se "Done". Cantar isto, para mim era como "não vou conseguir fazer isto". Demorei um mês para aprende-la. Eu deixava de lado duas a três horas por dia para aprender, e então, quando o fiz, eu comecei lentamente a incorporar os meus vocais com isso. Eu ficava tipo "Eu não vou conseguir isto, oh meu deus...eu vou conseguir isto!" E agora é tão fácil! É tão louco o que teu cérebro pode fazer! Isto tudo é apenas pratica.

Como é que a saída e a resignação deram vida a este ciclo?

Bem, eu já tinha terminado de fazer o álbum quando ainda estava na Atlantic. Foi ótimo. Eles deixaram-me trabalhar com o produtor com quem eu queria trabalhar, Leggy Langdon. Foi emocionante ser capaz de fazer isso. Eu tive muitas sessões de escrita, e estava apenas exausta. Eu realmente queria ir com ele e estava animada por eles deixar-me trabalhar com ele. Foi uma ótima experiência. O A&R, Steve Robertson estava dentro e fora, mas realmente não estava lá. Eles não estavam muito envolvidos na produção do álbum, eles deixaram-me fazer o meu trabalho. Até que no final, eles disseram "Tudo bem, nós precisamos de singles de rádio, porque eles são uma editora com muita rádio, assim como muitas grandes gravadoras." Eu estava tipo "Okay!".

Então, eu mantive-me de volta e nós continuamos a escrever mais e mais, e foi quando eu senti-me frustrada e acabei por sentir muita pressão. Então acabei por escrever "Numb", que é o meu recente single. Ele é sobre a editora, e o que eu estava a sentir no momento, o que eu estava a passar. Isso acabou por ser levado muito bem por eles, mas eles ainda estavam tipo "O que é isto?". Eles estavam tipo "Muitas guitarras" e "O que é que soa assim agora?". Havia opiniões diferentes em todo lado. Foi frustrante. Eu senti como se eu já estivesse a bater numa parede com eles um pouco porque eles estavam tipo, "O que vamos fazer com ela? O que é isto?", e eu fiquei tipo "eu sou eu!" [Risos] e eles ficaram tipo "Ok, rapariga hippie maluca!" [Risos]. Estou a brincar. Eu acho que eles estavam tipo "Tudo bem, vamos apenas deixá-la ir, porque nós a amamos e tudo mais, mas ela simplesmente não é certa para esta editora", e eu fiquei tipo "Yay! Obrigada! [risos] Por deixarem-me ir! E deixarem-me manter meu álbum." Foi assim que aconteceu. Foi muito amoroso. Ainda estou em contato com o meu A&R.

Então a Atlantic pagou para que o álbum fosse feito e 300 lançaram?

Sim, foi o que aconteceu. É ótimo, […]. Não era barato fazer qualquer um. Eu sinto-me tão grata por eles terem trabalhado comigo. Apenas houve o relacionamento errado no final. Sim, então 300, eu acabei por ir para eles. Havia algumas editoras pelos quais eu estava interessada, mas acabei por ir para eles. Eu realmente amo todas as pessoas de lá, e eu sinto que elas realmente têm o que eu quero fazer, que é exatamente o que é. Está a ir muito bem e sinto que tenho muito mais liberdade criativa. Eu sinto-me muito mais como eu mesma.

O novo álbum, eu ouvi um pouco dele hoje. Parece ter um tema de luta. Tu dirias que isso é preciso?

Sim, acho que foi uma jornada. O álbum inteiro é sobre essa jornada na qual eu estive no ano passado. De muitas maneiras, espiritualmente. E eu passei por muita terapia, passando através de coisas de relacionamento. Há muita descoberta de coisas antigas da minha infância. Eu não sei. Tem sido um caminho espiritual muito intenso para mim. Autodescoberta, conseguir realmente conhecer-me mais. Eu acho que é tudo sobre isso. Começar realmente a conectar comigo mesma. E quando tu estás a conectar contigo mesmo, não é simplesmente incrível? É muito difícil sentar contigo mesmo às vezes. Eu acho que tu tens que procurar o porquê de tu fazeres certas coisas, e porquê de tu teres tido certos tipos de relacionamentos. Tudo isso. Levando tudo isso, mas também aprender a ter compaixão por ti mesmo. Eu acho que tenho sido muito dura comigo mesma por um longo tempo. O álbum é sobre uma louca curva de aprendizagem na qual estive.

Tens alguma grande influência sonora? Como foi o processo criativo? Onde escreveste e gravaste a maior parte?

Nós escrevemos a maior parte em Topanga Canyon e terminamos em Pasadena. Antes de nós começarmos a gravar, estávamos a fazer playlists um para o outro para obter inspiração para as músicas. Nós temos umas vinte listas de reprodução e cada uma tem de 20 a 40 músicas. Coisas que ele [Leggy] gosta, coisas que eu gosto. Nós os dois acabamos por ter muito em comum com os nossos gostos. Nós conectámo-nos principalmente no clássico. Há cordas no novo álbum também, no qual foi realmente empolgante porque não tínhamos orçamento suficiente para o álbum antes de fazer isso. Nós conseguimos um quarteto para este álbum. Essa foi a minha parte favorita, sendo capaz de ver isso. Há tanto sentimento em cordas.

É o lado mais verdadeiro que tu já mostras-te?

Eu acho que isso representa-me de uma forma que eu não achava que seria capaz de fazer isso. Leggy puxou tanto de mim nisso, mas foi tão fácil. Não foi cansativo. Foi tão natural e fluido. Algo que eu acho que ambos nos fez conectar foi a escuridão. Eu estava um pouco confusa sobre qual a direção que eu queria ir neste álbum, e isso simplesmente aconteceu. Muitas dessas playlists que fizemos tinham muita coisa obscura. Muito dos anos 80 e 90, nós talvez não tenhamos ouvido desde que éramos adolescentes e isso trouxe-nos de volta. Nós ficamos tipo "Espera, isto é realmente muito fixe. Vamos trazer-lo para dentro disto.".

Quando tu és adolescente, é quando tu começas a descobrir a música e o mundo. Foi assim que este álbum foi para nós. Nós os dois nos nossos 30 anos, criando essa coisa de inspiração novamente. Nós os dois fomos tão inspirados.

O que te fez querer trabalhar com ele?

Nós tivemos uma sessão de escrita, e a primeira música que nós escrevemos juntos foi "Take Me To The Disco". Eu simplesmente amei escrever isso com ele porque ele foi a fundo para deixar-me ficar estranha com a minha voz. Como no refrão, eu estou tipo [imitar a música, exagerar na voz profunda] "Leva-me para a discoteca", e eu fiquei tipo "Fixe!" Muita gente talvez ficasse tipo "Vamos encontrar algo mais... não isso", [Risos]. Eu não sei, ele apenas deixa-me explorar coisas e encontrar diferentes lados de mim mesma.

Então, eu voltei e escrevi mais duas músicas e mais duas músicas. Depois nós escrevemos "Torniquet", eu fiquei tipo "Oh meu deus, ele tem que fazer isto".

Está previsto para sair amanhã [o álbum], tu estás animada?

Eu estou. Sim, estou animada. É engraçado. Há uma música lá que continua chegada a mim, que eu mal posso esperar para que as pessoas a oiçam. É chamada de "Little Black Death". É muito escura e dolorosa. É também uma espécie de língua e bochecha nos versos um pouco. Estou animada para todas elas realmente. Vamos apenas fazer isso.

Então nós falamos um pouco sobre isso. Tu estás a segurar a bandeira há algum tempo para toda a influência dos anos 90. Está-se a tornar moderno agora, mas tu tens feito isso há um tempo.

Não é engraçado? Tipo: "Vamos lá, voltem a bordo! Finalmente." Eu estou tipo "Dammit!". Agora eu vou começar a entrar nos anos 50 ou algo assim [risos].

[Risos] Isso sou eu nos anos 2000. Obviamente, foi a década em que eu cresci, mas eu tenho sido um reavivalista daquela época, não apenas musicalmente, culturalmente, tudo, por todo o tempo agora. E agora todas as pessoas estão a fazer isso e eu estou tipo "Tudo bem, estou a ir para outro lugar agora. Tu renovaste a minha existência." Quais foram as [bandas] favoritas dos anos 90?

Eu estava realmente focada nos Nirvana, Alice In Chains, Soundgarden. Esse período todo.

Limp Bizkit?

Sim!! Definitivamente! Mas não são de 2000?

Sim, 90s / 2000s.

Eu posso apenas dizer Korn e Marilyn Manson. F*da-se sim. Sem dúvida.

Hole? Stone Temple Pilots?

F*da-se sim. Ambos. Jewel, f*da-se sim. Slipknot? P*rra sim [risos]. Eu estava realmente focada nos Slipknot. Oh meu deus, Tool. Deftones! Deftones foi meu número um. E mais coisas underground também. Poison The Whale, Every Time I Die, coisas assim. Mesmo o gótico é fixe também. Punk rock, punk gótico.

As pessoas adoram dizer que a guitarra e banda de rock estão a morrer. Tu tens alguma coisa a dizer sobre isso?

Eu acho que está a voltar. Eu acho que só está morto na rádio. Existe todas essas bandas underground, como a cervejeira embaixo, e então isso vai explodir... Se isso não acontecer, eu irei matar-me [risos].

Fotos: Clica aqui
Publicação original: Numb: A talk with Meg Myers

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